Após a longa caminhada do dia anterior na trilha dos Cânions estamos novamente nos aquecendo, agora, para encarar a trilha dos saltos que apesar de ter um percurso um pouco menor com 4,5km apresenta um desnível de aproximadamente 250m e nível médio. O céu esta limpo, não há nuvens, o sol esta realmente forte e a trilha é pesada. Nessas condições se hidratar é muito importante e realmente não da para esperar a primeira cachoeira para matar a sede, portanto, a garrafa d'agua é sem dúvida indispensável. Que o diga alguns 'desavisados' que não a levaram.
Passados alguns minutos de caminhada agradeço ao sol forte por iluminar, na minha opinião, a mais bela paisagem de toda a chapada. Um lindo vale e em seu leito o rio Preto, ainda agitado após uma violenta queda de 120m se estende rumo ao horizonte, agora, calmamente entre as pedras se perde em meio as montanhas.
A foto anterior foi tirada de um mirante na trilha dos saltos, a paisagem é empolgante e não da vontade de seguir viagem, porém, há mais a nossa espera e vamos em frente.
A próxima parada é no Salto I, também conhecido como Cachoeira do Garimpão. Aqui o rio preto despenca de 80m de altura para formar um lindo lago de águas escuras rodeado por paredões de pedras e algumas árvores que fazem sombra a uma pequena mas aconchegante praia. É um ótimo local para banho, de águas tranquilas e razas. Na praia as águas razas revelam cardumes de pequenos peixes. Pouco incomodados com nossa presença chegam perto sendo possível toca-los.
Aqui uma dúvida me persegue: terá mesmo essa cachoeira 80 metros? Não da pra discutir com as medidas oficiais no olho né?! Mas o fato é que não parece mesmo. Essa impressão parece ser causada pela grandeza total do lugar, onde a cachoeira não passa de um um 'pouco' de agua escorrendo das imensas paredes rochosas que rodeiam todo o lago, o maior da chapada. Tudo é tão grande que se perde a noção de espaço, de tempo, de belo. Somos ínfimos perante a natureza.
Aproveitamos a água, a sombra, a brisa e principalmente a paisagem do lugar . Ficamos ali cerca de duas horas mais que o suficiente para descansar, relaxar e seguir em frente, ou melhor para traz. Passamos novamente pelo mirante do Salto do rio Preto e seguimos a trilha de volta. A próxima parada no caminho de volta são as corredeiras.
As corredeiras são uma sequência de pequenas quedas de águas tranquilas que formam piscinas e hidro-massagens naturais. É um ótimo local para banho e a água clara e raza é ideal para mergulhos livres. Para quem não gosta de água fria, aqui as águas são surpreendentemente quentes, obviamente, em relação a outros locais onde a água é sempre gelada.
Como sempre o sol esta esta impiedoso, porém mais baixo, quem quiser pegar uma cor a hora é essa. Já para quem prefere uma boa sombra as poucas árvores próximas as corredeiras são um pequeno oásis. Eu prefiro ficar na água, e que água boa, temperatura excelente e muito relaxante. Imerso na água escuto o canto das corredeiras que ecoam por todo o rio, é uma terapia.
Mais um dia no Parque vai chegando ao fim. O sol baixo passeia pelo laranja antes de ficar avermelhado e dessa cor pinta toda a paisagem a vista. Os pássaros cantam mais intensamente, se preparam para algo ou apenas dão mais encanto ao por do sol. As plantas, retorcidas, desenham sombras aleatórias no chão de pedras, todas, preciosas.