segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Sertão Zen

De volta a chapada dos veadeiros, conheci as belezas do Sertão Zen. Uma lugar conhecido mas pouco visitado, principalmente na época das chuvas pois o acesso é difícil e a caminhada é longa. São 11km de trilha com desníveis de 500 metros(aproximadamente) passando por serras, planaltos, rios e pedras. Mas ao final todo esforço é recompensado. Aproveitem!

Chapada Sertão Zen

27/12/2010
As previsões do tempo eram boas: parcialmente nublado, apenas 3mm de chuva, temperatura entre 15 e 30 graus e aproximadamente 13 horas de sol por dia.
Minhas  preucupações maiores eram os animais que poderiam cruzar o meu caminho, como cobras e onças, e a dificuldade em achar as trilhas, já que o trafego por essa região não é tão intensa e eu não dispunha de um bom mapa.
O temor de encontrar alguma onça pelo caminho só aumentou com os relatos de alguns locais. Providenciei logo uns rojões, sem saber exatamente o que faria com eles. Tomei um café reforçado, enchi meu cantil de água e da-lhe pernada. Saí muito tarde, já as 9:40h!

Começo da trilha
Já no início do caminho encontrei Pablo, um guia local que trabalha em parceria com a Travessia, uma empresa de ecoturismo de renome na chapada. Pablo orientou-me a como chegar ao Sertão Zen melhor do que qualquer mapa, e ainda tirou meu medo das onças. Disse-me que em 20 anos trabalhando como guia só viu onça três vezes e que eu teria muita "sorte" de encontrar uma pelo caminho, e caso isso acontecesse ela fugiria pois são medrosas devido a sua caça indiscriminada pelos fazendeiros da região.
Agora, muito bem orientado e sem medo de onça segui a trilha, que começa em uma cerca, sentido nordeste e leva a uma serra bem íngreme e outra logo em seguida, subindo aproximadamente 200m no total.

Assim como diziam as previsões, o tempo alternava entre um sol escaldante e pancadinhas de chuva fina que me refrescavam, mas não se engane o calor é constante e se hidratar frequentemente é muito importante.
Deixei à mão alguns torrones, barras de cereal e sachês de mel e de hora em hora repunha as energias sem precisar parar para abrir a mochila.




Após as serras a trilha te leva ao planalto do Sertão Zen, com altitude de aproximadamente 1400 metros.
A vista aqui vai longe, a vegetação é formada por um capim alto e alguns poucos arbustos, o cuidado com cobras deve ser redobrado, levo um apoio(cajado) e o uso para inspecionar o caminho a frente.
Sigo andando um pouco mais e entro em uma região pantanosa, com a chuva a água alcança facilmente as canelas.Tenho nesse cenário uma das melhores sensações da viagem: o encontro de um olho d'água, com a mais leve e cristalina água que já bebi. Jorra com força e em grande quantidade, me pergunto porquê a natureza se dá ao trabalho de nascer água a 1400 metros de altura e depois escorre-la abaixo.
Sem resposta continuo a caminhada.
 

O cenário não muda por algum tempo. Do lado direito avista-se uma mata ciliar em V e ao fundo a serra do macaquinho,  Pablo havia me informado que eu deveria passar por de trás dessa mata e aos poucos descer com o relevo em direção a ela. As trilhas somem e reaparecem, confundem-se com os cursos d'água mas não tem erro, sigo o relevo e caio no rio.

A paisagem agora é outra, o rio de cores vermelhas, rico em ferro, escorre pelo leito de pedras e forma vários poços e quedas. Aproveito para me refrescar, a água é fria.
Sigo caminhando. A trilha, hora pelo leito do rio, hora pelas margens, tem aproximadamente uns 500 metros e o nível é difícil. Deve-se tomar cuidado pois as pedras aqui escorregam muito.
Falta pouco para chegar, me embrenho por um trecho de mata fechada e já posso ver o vale do rio macaco, a cachoeira esta alguns metros a frente.

Alto da Cachoeira Sertão Zen

O lugar é lindo, as formações rochosas desafiam nossa imaginação, uma pequena cascata é um ótimo lugar para tirar a tensão dos musculos, o poço, logo antes da queda, nos convida a relaxar e apreciar a paisagem. A cachoeira só pode ser vista por cima, e que vista! Uma queda de 150 metros leva a agúa para o leito do vale do rio macaco que corre para o leste até sumir entre o vão do paranã.

Agora entendo porquê tanto trabalho.





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