domingo, 25 de setembro de 2016

Vale do Pati - Chapada Diamantina

Quando comecei a pesquisar para a montagem do roteiro ficou evidente que é impossível conhecer todos os principais atrativos da Chapada Diamantina em alguns dias. Além da grande diversidade de cenários, que vão desde vales a cachoeiras, cavernas, cânions, campos, florestas e cidades históricas tombadas, a Chapada Diamantina tem mais de 150 mil hectares de extensão. Para se ter uma ideia, de Lençóis, no portal norte da Chapada, até Mucugê, no centro-sul, são 70 km de estrada de terra, ou 180 km pelo asfalto! E em ambos extremos existem paisagens e passeios imperdíveis.

Mas como eu gosto mesmo é de colocar o mochilão nas costas e caminhar, o Vale do Pati logo despertou minha atenção. Encravado bem no meio da Chapada, o Pati (para os íntimos) abriga diversos atrativos conhecidos da Chapada Diamantina, além dos trekkings mais casca grossa da região. E para completar a experiência, a vivência com os nativos do Vale enriquece ainda mais o passeio.


O vale do Capão

Cachoeira da Boa Vista
Chegamos na região da chapada pela BR-242 e pernoitamos em Palmeiras, uma cidadezinha que fica a 20 km do Vale do Capão, e que não tem nada demais, só o sinal de internet e celular que é melhor. Portanto, vale muito mais a pena pegar mais uma hora de estrada de chão e chegar até o vilarejo do Capão para já ir entrando no clima na chapada.

No caminho para o Capão, existe o povoado de Conceição dos Gatos. Lá tem a cachoeira da Boa Vista, que só vale a visita se tiver sobrando tempo, pois a trilha é bem curta e a cachoeira modesta. Se estiver chegando no Capão na parte da tarde e quiser pegar um pôr de sol legal, dê um pulo na Boa Vista, caso contrário, deixe pra lá.

O Vale do Capão é um daqueles vilarejos que parece viver em outra dimensão, daqueles cheios de histórias de gente que chegou e nunca mais se foi. Lá existem vários restaurantes, pousadas e lindas pinturas de um tal de Salomão, que pintou de mesa de boteco a banheiro público.

Ao chegar no Capão, a ideia é conhecer alguma das boas opções de restaurantes do lugar. Eu provei e indico o PF da Dona Beli, que serve uma comida caseira de primeira a um preço justo (r$ 12 a 20).
Depois, para o pernoite existem diversos campings e pousadas para todos os tipos de gosto e de bolso. Eu fiquei numa suíte casal na pousada Lakshmi, o preço é um pouco salgado (r$ 160) mas a pousada é ótima, bem limpa, organizada e o café da manha é farto e variado (e vegetariano, mas garanto que o presunto não vai fazer falta).

No dia seguinte, acordamos bem cedo para iniciar a trilha para o Vale do Pati. A trilha começa, de fato, no povoado do Bomba, que fica uns 10km depois do Capão. Qualquer carro chega até lá e você ainda pode deixá-lo estacionado na casa do Sr. João por um preço camarada. O preço do transporte na região do Vale do Capão é exorbitante, especialmente os transfers. Caso faça uma travessia e tenha que voltar de Andaraí ou Guiné para o Capão vai gastar para mais de r$ 200. Portanto, se puder ir de carro, vá! A estrada de chão é boa e você provavelmente economizará dinheiro e tempo.


O vale do Pati

No povoado do Bomba, a trilha começa onde termina a estrada de chão que vem do Capão, é só atravessar o rio das galinhas algumas vezes e seguir floresta acima. Não recomendo se aventurar no Pati sem um GPS ou um guia. É que existe uma infinidade de trilhas e é fácil pegar o caminho errado. Não que você vá se perder, até porque as trilhas são bem movimentadas, mas com certeza vai perder tempo e tranquilidade. Se não conhece o lugar, leve o GPS ou instale um no seu celular. O link para o tracklog que usei está no final do relato.

Esse percurso é de quatro dias, mas pode ser bem puxado para quem está destreinado ou está com a mochila muito pesada. Ele começa no Bomba, segue pelos Gerais do Vieira e do Rio Preto e entra no Vale do Pati pela rampa. A volta, já no quarto dia, é pela Floresta do Calixto. O trajeto pode ser feito em mais dias e também pode ser feito no sentido reverso, começando pela floresta e saindo pela rampa. Foi esse o sentido que segui mas confesso que não foi a melhor opção.


Gerais do Vieira - Sequelas das queimadas que ocorrem ano após ano

A caminhada pela floresta do Rio Calixto é mais longa, são cerca de 27 km, e também é mais difícil, com muito desnível, alguns obstáculos, e chão mais irregular. Por tudo isso, vai exigir pernoite na mata. Existem alguns pontos para camping antes de entrar na floresta mas é melhor chegar até a Cachoeira do Calixto, pois a cachoeira e o lugar são lindos e tem bons lugares para acampar logo após atravessar o rio. Além disso, no dia seguinte, a caminhada até a casa de algum ponto de apoio vai ser bem mais curta e ainda sobra um tempo para visitar o algum atrativo.


Entrar no Vale pela rampa é muito, mas muito, mais sossegado. A caminhada é praticamente toda por gerais planos a perder de vista, com exceção da subida do quebra bunda, uma "escadaria" de pedra de uns 130 metros de desnível, e a descida pela rampa, que tem uns 200 metros de desnível bastante inclinados. Além do percurso ser bem menor, com cerca de 20 km, o visual durante a caminhada pelos gerais do Rio Preto e no acesso à rampa já justificam a entrada no vale por ali.


Vale do Pati - Mirante do Morro do Cruzeiro, um morrote logo após a descida da rampa.

Hospedagem e Alimentação no Pati

Dentro do Vale existem diversas famílias que moram  no local e têm no turismo sua principal fonte de renda. Apesar de nomes como igrejinha, ruinha e prefeitura, todos se referem a pontos de apoio cuidados por alguma família da região. Praticamente todas as famílias oferecem o mesmo pacote de serviços a preços parecidos. Algumas tem uma estrutura melhor que outras, mais ou menos conforto, mas o certo é que em todas você será tratado com muito carinho e sorrisos.

Todas as casas têm placas de energia solar. Infelizmente, não dá para aquecer a água do chuveiro mas dá para recarregar o celular, o GPS, algumas pilhas. Quanto à hospedagem, você pode levar sua barraca e ficar no quintal de alguém (r$15), levar só o saco de dormir e ficar no alojamento (r$20), ou alugar um quarto com cama (r$35). Quanto à alimentação, as casas oferecem café da manha ($30) e jantar (r$35), mas se preferir preparar o próprio rango existem pequenos armazéns com uma boa variedade de ingredientes a um preço justo, e você ainda pode utilizar as cozinhas comunitárias, que oferecem fogão a lenha, utensílios de cozinha e mesas. Algumas cobram taxas para utilizar as cozinhas, outras não. 

Não se esqueça que você está num vale acessível apenas por burros de carga, tudo lá é obviamente mais caro.

Eu conheci duas casas lá, a do Miguel e Agnaldo e a Igrejinha, ambas tem todos os serviços que mencionei. A cozinha comunitária do Sr. Agnaldo não é paga e os quartos são bem limpos e confortáveis. Eles também servem um pão caseiro delicioso e caldo de cana moído à mão. Se puder, experimente a comida da Dona Patrícia, ela é uma cozinheira de mão cheia! O godó de banana verde (isso mesmo, verde!) que ela preparou não parecia um prato feito a base de banana verde e estava delicioso, quase não acreditei. A localização da casa também é ótima, fica perto dos acessos para o Morro do Castelo e para a Cachoeira do Funil.



A igrejinha já tem uma estrutura maior, com mais alojamentos e banheiros, e oferece praticamente os mesmos serviços. Da cozinha também saem várias porções de petiscos. Eu provei uma carne de sol com batata frita ($30) que estava de lamber os dedos! A localização da Igrejinha favorece uma visita à Cachoeira do Funil e ao Cachoeirão por cima, ou a saída do vale pela rampa. Minha recomendação é que você monte um roteiro de acordo com os atrativos que deseja visitar e escolha os pontos de apoio que se encaixem melhor nesse roteiro.

O nível de conforto proporcionado pelos diversos pontos de apoio no Vale do Pati é algo inimaginável na maioria dos parques que conheci. Eles nos permitem uma flexibilidade gigantesca, tanto na montagem do roteiro quanto no tipo de passeio que vamos fazer. Se quiser ir de mochila carregando sua casa dentro dela e só fazer camping selvagem, tudo bem! Mas se quiser levar só o GPS e ficar no esquema de pensão completa na casa dos nativos, tudo bem! A infraestrutura do Vale do Pati o torna um lugar atrativo para todos os gostos e bolsos, a escolha é sua.

Atrativos no Pati

Entre os atrativos do Pati se destaca o próprio Vale. A região toda é encantadora e para qualquer lugar que você olhe vai ter um paredão de pedra com as cores mais lindas e os mais diversos formatos, cadeias de montanhas que seguem até o infinito, campos de vegetação rasteira com flora e fauna riquíssimas, matas exuberantes no fundo de imensos vales verdes onde correm águas cristalinas e refrescantes. E ainda tem toda a cultura e história da região, que ainda hoje é mantida viva pelos moradores e guias locais. O Pati é um lugar fantástico que merece toda a fama e prestígio que tem.


O morro do Castelo é uma formação rochosa que, juntamente como o morro Branco, divide o vale do Pati ao meio. O início da trilha que sobe o Castelo fica próximo à Casa do Agnaldo logo após atravessar o Rio Pati. Ela começa com uma subida suave e fica cada vez mais inclinada até virar uma escalaminhada. São 4 km de distância (ida) e 400 metros de desnível, feitos em 2 horas, com muita calma e paradas estratégicas para tomar fôlego. Chegando na base da formação rochosa, a trilha continua dentro de uma caverna, portando, leve lanternas! São apenas alguns metros que te levam para o outro lado do Castelo, bem tranquilo. Lá no alto existem dois mirantes, o mais alto proporciona uma vista privilegiada dos gerais do vieira, da Cachoeira do Calixto, da Cachoeira do Funil, e do Morro Branco; o mirante mais baixo permite uma vista panorâmica de todo o percurso que o Rio Calixto faz pelo vale, até onde a vista alcança.

Morro do Castelo - Vista do Morro Branco

Morro do Castelo - Vista do Vale do Calixto - Lateral leste do Vale do Pati

Morro do Castelo - Salão de entrada da caverna

Ps.: Na subida para o Castelo você é perseguido por mutucas "gigantes", levei o repelente Off mas não adiantou nada, tive que me abanar como um doido e evitar ficar muito tempo parado. Se tiver um repelente melhor, leve!

A cachoeira do funil é o passeio para você tomar um banho daqueles! A trilha é fácil e boa parte dela é feita nas margens e no leito do Rio Pati, é só seguir o rio que você vai se deparar com diversas cachoeiras, poços para banho e lajeados para pegar um sol. A cachoeira do funil é a maior de todas, deve ter uns 15 ou 20 metros e tem um bom poço para banho. Essa região do Rio Pati é muito rica em belezas naturais, com diferentes cenários que mudam a cada minuto de caminhada. Minha dica é tirar um dia todo para explorar cada cantinho do lugar até encontrar o seu.

Cachoeira do Funil, o dia estava nublado e a água gelada!

Uma cachoeira qualquer no "complexo de cachoeiras dos funis"


A Cachoeira do Calixto é acessível pela floresta que também leva o nome do rio que corta suas matas, o Rio Calixto. Da casa de Agnaldo até a cachoeira, são aproximadamente 7 km de caminhada (ida) com boa parte do percurso dentro da mata fechada. O percurso é longo mas sem peso dá para fazer um bate e volta no mesmo dia, saindo cedo e aproveitando o sol alto na cachoeira e voltando no início da tarde. Outra opção é levar mala e cuia e acampar na cachoeira, dá para passar o dia explorando a região, tomando banho de cachoeira e aproveitando o visual. De lá, também dá para voltar para o Capão, é só seguir a trilha do outro lado do rio, sair da floresta, atravessar os Gerais do Vieira, descer o vale do Capão e pronto, rsrs.



Dando a volta no morro do Castelo para chegar até o Calixto.


Cachoeira do Calixto

Outros atrativos que valem a visita são: o Cachoeirão, que pode ser feito por cima ou por baixo, o Poço da Árvore e a Cachoeira da Fumaça, que fica mais próxima do Vale do Capão. Por falta de tempo não fiz o Poço da Árvore, por mal tempo não deu para conhecer o Cachoeirão e por cansaço desisti da Cachoeira da Fumaça. Mas isso é só desculpa para voltar nas próximas férias!


Dicas que podem te salvar


Tracklog - Vale do Pati (4 dias) - Chapada Diamantina

Contato da Casa de Miguel e Agnaldo (em alta temporada é bom reservar com antecedência)
Facebook - rosileidebastos13@hotmail.com

Dizem que os guias de lá são mal encarados, esse aqui não.
Márcio - marciopapi@hotmail.com - (77) 992116035

Estacionamento no Bomba
Sr. João - (75) 33441377

Mini documentário sobre um tal de Salomão













domingo, 3 de abril de 2016

Catarata dos Couros - Chapada dos Veadeiros

A Catarata dos Couros é na verdade uma sequência de pequenas quedas, corredeiras e cachoeiras do Rio dos Couros que se estendem por aproximadamente 1000 metros. O rio de águas límpidas e correntes, devido à topografia da região, tem às suas margens belíssimas veredas e campestres. O acesso é fácil e o visual figura facilmente entre os mais belos da chapada.

Escondida à margem esquerda da GO-118 pouco antes de chegar a Alto Paraíso partindo de Brasilia, fica situada dentro de uma área de preservação ambiental. É necessário percorrer 37 km de estrada de terra em condições razoáveis, entretanto, a sinalização é precária e praticamente não há placas no percurso por terra. Leve um guia ou se informe bem antes de pegar a estrada de terra, deixarei umas dicas ao final.



Não há nenhuma estrutura no local, a entrada é livre mas é proibido acampar ou fazer fogueiras. Não obstante, diante da falta de fiscalização, tanto as barracas quanto os vestígios de fogueira são comuns. Como a entrada é franca e o acesso é fácil, durante os feriados a catarata pode receber mais visitantes que o desejado, portanto, evite essas datas ou chegue cedo para aproveitar melhor toda a beleza do local.

O Rio dos Couros é caudaloso e tem um bom volume de água, principalmente na época das chuvas, de novembro a abril. Nesse período, evite dias com previsão de chuva, pois o rio de águas transparentes ficará turvo e perderá parte de sua beleza. O nível da água também irá subir e os banhos se tornarão mais perigosos. Existem ótimos poços para banho, mas no geral o rio é de corredeiras e exige cautela.
Minha dica, vá durante a seca.

Rio dos couros (época de chuvas)

A trilha que leva do estacionamento ao rio é bem curta. Não há dificuldades. Chegando ao rio, existe uma trilha que o margeia. Seguindo as águas, ela te levará pelas várias paisagens do rio, passando por uma catarata, ilhas fluviais, corredeiras e pequenas prais, tudo cercado de muita vegetação e formações rochosas.

prainha de areia, existem várias!



A trilha percorre quase 1 km do rio com pequenos aclives e declives e, devido à pequena extensão, considero-a fácil. Qualquer pessoa que faça uma caminhada conseguirá fazê-la. No final do percurso, como sempre, jaz o prêmio. As águas do rio dos couros, após formarem uma piscina sem fim, caem de uma grande cachoeira, formam um poço, outra cachoeira, o maior e mais belo poço e depois escorrem para dentro de um cânion que se encarrega de levar o Couros para o infinito. A paisagem é extasiante, imponente e nos coloca no nosso lugar, a contemplação.

Piscina sem fim

Como chegar: Existe um placa na GO-118 indicando o início da estrada de terra para a Catarata dos Couros. Após 23km na estrada de terra vire à direita numa espécie de trevo, existe uma pequena placa que indica um restaurante (peixe frito), fique atento! Depois, na bifurcação vire à esquerda, e novamente à esquerda, agora falta pouco. Em dias de chuva, logo após a bifurcação, existe um trecho que comumente atola pequenos carros, caso esteja nessas condições volte e pegue à direita, e na próxima à esquerda. Dê uma boa olhada no Google Maps que não tem erro.

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Carnaval em Mambaí -GO

Aproveitamos o feriado de carnaval para conhecer um destino ainda pouco explorado do cerrado goiano, Mambaí-GO. O pequeno município fica na região nordeste do estado, acessado pela BR-020 saindo de Brasília-DF. As condições da estrada estão boas até Alvorada do Norte, nesse último trecho existem alguns buracos no asfalto que exigem maior atenção para evitar incidentes.

Durante o mês de fevereiro o clima é quente e úmido (ainda é época de chuvas). Por sorte, desfrutamos de 4 dias de céu claro e sol forte, muito forte. Devido às chuvas, as águas não estavam tão límpidas, com exceção do poço "sempre" azul.

A cidade de Mambaí tem uma infraestrutura limitada, mas proporcional aos poucos turistas que recebe. São apenas alguns hotéis, pousadas, restaurantes e nenhum outro atrativo além das belezas naturais. O legal é que você vai acabar conhecendo várias pessoas, pois se encontrará com elas a todo momento, seja em algum passeio ou na hora do almoço.

Ficamos na pousada Maredú, de propriedade da Valdirene, um amor de pessoa. A pousada é extremamente simples, pouco confortável, com ar-condicionado, uma wi-fi modesta, e um café da manha idem. A sensação que tivemos em todos os locais é que Mambaí ainda não está totalmente pronta para o turismo, falta infraestrutura, capacitação e melhores produtos turísticos.

Quase todos atrativos da cidade devem ser visitados com guias credenciados junto às duas únicas agências de turismo da cidade, a Mambaí Adventure e a Cerrado Aventura, que vendem os passeios a um preço médio de R$ 30,00. A exceção fica por conta da Cachoeira Paraíso do Cerrado, no município de Damianópolis, que não exige a presença de guias e custa R$ 10,00 a visita, pagos diretamente aos donos da propriedade.

No primeiro dia, após deixar as bagagens na pousada, fomos direto para lá. Bastou pegar a saída para Damianópolis, manter à direita na entrada da cidade, seguir até o posto de combustível, virar à direita e após a primeira à esquerda e pegar a estrada de chão por aproximadamente 16 km. Placas sinalizam o caminho na estrada de chão.

A Paraíso do Cerrado fica dentro de uma chácara particular. A proprietária Valdete é uma senhora simples e bastante e receptiva. A trilha até a cachoeira é fácil. Com apenas 800 metros, só não é um "passeio no parque" por conta do desnível que exige um mínimo de preparo na volta.

Engenho de Cana - Paraíso do Cerrado (funcionando!)

A primeira vista da cachoeira impressiona. Juro que não esperava! Do alto, avista-se um grande poço de águas esverdeadas e, descendo pelas escadas, ao final da trilha, podemos ver toda a beleza da Paraíso do Cerrado, uma cachoeira imponente. Deve ter uns 15 metros, com um grande volume de água. O banho também é uma delícia, mas tenha cuidado, existem muitas pedras em seu fundo.

Paraíso do Cerrado


Para o segundo dia, entramos em contato com a Mambaí Adventures, que já tinha um pacote fechado: caverna e cachoeira do funil(r$30) com opção de rapel(r$40) pela manha, e caverna Lapa do Penhasco(r$30) com opção de tirolesa à tarde(r$30). Sim, aparentemente os passeios são caros, não há nenhuma dificuldade, risco, ou exigência de profissionais super capacitados que justifiquem os preços. Fora isso, o guia que nos acompanhou era fraquíssimo, não fez o mínimo. Entretanto, para compensar, o preço dos opcionais é bastante convidativo.

O passeio para a Cachoeira do Funil começa com uma trilha entre vários guatambús, também conhecidos como pau pereira ou tambú, comumente utilizados para cabos de enxadas e berimbaus. Algumas formações rochosas muito interessantes também compõem o caminho, formando um "labirinto". Também podem ser vistas no percurso uma mina d'água bem característica e a entrada de pequenas cavernas.

Com meia hora de caminhada, chegamos à entrada de uma. Um rio corre dentro dela e simplesmente desaparece. Colocamos nossas mochilas nas cabeças e o atravessamos com a água na cintura. São poucos metros de travessia e logo se chega à outra ponta da caverna. Não sei para onde o rio vai, mas ele vem de uma grande cachoeira que forma um grande poço. É um cenário muito interessante, não tinha visto nada parecido até então. No local ainda é oferecido o rapel da cachoeira do funil.


Entrada da caverna do Funil
Rapel na cachoeira do Funil
   


A agência tem parcerias com locais para servir o almoço. Não é obrigatório, mas, como em Mambaí não existem tantas opções, fomos com o guia almoçar no rancho da Eide. O local mal tem banheiro, mas a comida era espetacular, feita no fogão a lenha, com ingredientes da região, comida da roça de verdade. 

À tarde, fomos conhecer a caverna Lapa do Penhasco. O passeio começa com uma descida íngreme ao cânion formado pelo rio vermelho. A caverna se encontra na base do vale e para acessá-la é necessário entrar nas águas geladas do córrego Das Dores, que aflui de dentro da caverna e se encontra com o rio Vermelho. Após atravessar o córrego e passar por várias pedras (esse trecho requer cuidado redobrado) estamos diante de um gigantesco salão com uma praia ao lado direito e o Das Dores ao lado esquerdo. Caminhamos por uns 300 metros salão a dentro, passando por várias stalactites, stalagmites, colunas e outras formações menos características, ao menos para mim.

A segunda parte do passeio é uma tirolesa de aproximadamente 300 metros de comprimento a 100 metros de altura, que atravessa o Cânion. Vale muito a pena! A adrenalina vai lá em cima e a vista é maravilhosa. Com certeza, foi um dos pontos altos da viagem.


É divertida ou não é essa tirolesa?!

No terceiro dia de viagem, fizemos a trilha para o Poço Azul, que também começa no vale do Rio vermelho. A ideia é descer o vale, atravessar o rio e seguir por suas margens por aproximadamente 4km. Sem sombras de dúvidas é o melhor roteiro de Mambaí e você não pode de forma alguma deixar de fazer esse passeio. A trilha, pelo pouco uso, é cheia de obstáculos, nada intransponível, mas que aumenta, e muito, a adrenalina. Algumas árvores tombadas pelo caminho, a descida do vale, a travessia do rio Vermelho, os pássaros, a vegetação exuberante e a beleza dos poços azuis tornam esse um passeio inesquecível e imperdível.


No caminho para o poço azul

Um dos três poços azuis, uma recompensa gratificante.



Mambaí é um destino turístico que ainda tem muito o que melhorar, desde os serviços de hospedagem até os pacotes oferecidos pelas agências. Independentemente disso, a região tem um grande potencial e a exploração do turismo está apenas começando. Seria querer demais exigir maiores investimentos em um destino ainda pouco conhecido e frequentado.

As taxas "elevadas" cobradas pelas agências acabam se justificando pelo pioneirismo, garra e determinação. Seria interessante passeios com guias mais capacitados que explorassem toda a riqueza da geologia, flora e fauna da região.

Apesar dos problemas, recomendo a todos que gostam de natureza e aventura uma visita a Mambaí. Suas belezas compensam demais.


Alguns contatos que podem ser úteis.

Cerrado Aventura (tocada pelo Emílio, que mapeou várias cavernas da região)
Emílio: (62) 96876607
https://www.facebook.com/cerradoaventuramambai/

Mambaí Adventure (tocada pelo Bruno, sempre muito solícito)
Bruno: (62) 99785979
Cindy: (62) 98260041 
http://www.mambaiadventure.com.br/

Cachoeira Paraíso do Cerrado (cachoeira mais bonita de Mambaí)
Ismailton e Valdete: (62) 99655279

Almoço caipira no Rancho da Eide (é só ligar que ela dá um jeito)
Edlene: (62) 99378252

Pousada Maredú (da Valdirene, simples, mas quebra o galho)
Valdirene: (62) 96437706 - (62) 99144488
  

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